A menopausa e o cérebro: uma discussão necessária

Com o aumento da expectativa de vida da mulher brasileira, estimada hoje em 80 anos (IBGE, 2019), idade em que se constitui mais de um terço da sua existência, calcula-se que no país, a população feminina na fase de menopausa, represente mais de 5 milhões de mulheres.

A menopausa é caracterizada por um processo fisiológico resultado do envelhecimento do organismo da mulher. O termo é definido como a interrupção permanente dos períodos menstruais por 12 meses consecutivos, marcando, o fim do período reprodutivo.

Embora fisiológico, a menopausa resulta em inúmeras mudanças, algumas delas de natureza clínica, como os suores, as palpitações e as famosas ondas de calor, que recebem o nome de fogachos.

As ondas de calor representam o sintoma mais comum da menopausa, ocorrendo em 75% das mulheres no início e após a menopausa.

De acordo com o relatório The Massachusetts Women´s Health Study, as ondas de calor ou fogachos, tem duração média de 3.8 anos, quando acontecem estes sintomas o tempo médio para acontecer é entre 1 e 5 minutos.

Sintomas

Durante o período de menopausa, é comum acontecerem alguns sintomas de origem neurológica, pois com a mudança na produção de alguns hormônios, há mudanças diretas na produção de neurotransmissores, como a serotonina, que auxilia na estabilização do humor e outros que são responsáveis pela regulação do sono e das emoções.

Alguns comportamentos se tornam frequentes como: a presença de sintomas de ansiedade; a depressão; a irritabilidade; as mudanças de humor repentinas; as dificuldades em tarefas de memorização recente; as alterações do sono e a falta de concentração.

É comum, que muitas mulheres durante a menopausa, ou no pós-menopausa, apresentem mudanças no seu estado cognitivo. Pois o principal fator não genético, para as mudanças nas habilidades mentais e para o desenvolvimento de demências é a idade e as mudanças perceptíveis nesta fase da vida de mudanças biológicas são instáveis, ou seja, não são gradativas, ora podem caracterizar-se por um declínio na atenção, ora por uma maior lentidão na velocidade de processamento das informações ou no desempenho de memória recente.

Destaca-se que o processo da menopausa, necessita de um acompanhamento médico especializado, pois muitas vezes há a necessidade de reposição hormonal, para que o organismo possa funcionar de modo mais integrado e harmonioso, prevenindo assim o surgimento de possíveis patologias ou sintomas que prejudiquem os aspectos psicológicos e sociais.

A medicina reforça que em relação à queda dos estrogênios (hormônios femininos) característica na menopausa, há as alternativas da reposição destes hormônios, denominadas terapia hormonal. 

Neste sentido, muitos estudos tem analisado os efeitos da terapia de reposição hormonal, e a sua relação com o desempenho cognitivo de mulheres após a menopausa. Alguns estudos tem encontrado a relação entre a terapia hormonal e um pior desempenho de memória.

Enquanto outros tem encontrado resultados mais favoráveis para mulheres que fazem uso da terapia de reposição hormonal, e uma melhor interação social e maior realização de atividades físicas.

Uma pesquisa, denominada The Women´s Health Initiative Memory Study (WHIMS),  destacou por meio de idosas voluntárias participantes de 65 a 79 anos, que houve um aumento do risco de desenvolvimento de Doença de Alzheimer, para as idosas que fizeram o uso de terapia hormonal combinada, assim como para as idosas que fizeram o uso de terapia com o estrogênio isoladamente.

No entanto, vale destacar que a temática reposição hormonal e os fatores de risco para o desenvolvimento de demências, apresentam resultados controversos na ciência, são intrigantes, tem sido temas de muitas conferências e congressos da área de neurologia e psiquiatria, e necessitam da realização de mais estudos científicos.

Por fim, falar do tema menopausa, ainda envolve superar barreiras e preconceitos em nossa sociedade.

E para quebrar estes tabus, deve-se incentivar a prática de cuidados preventivos com a saúde do cérebro, uma maior adesão aos hábitos de vida saudáveis e um acompanhamento especializado com uma equipe multidisciplinar, possibilitando às mulheres o interesse na busca de recursos para a manutenção da sua qualidade de vida.

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Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva- Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP). Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

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