COVID-19, idosos e desigualdades sociais: uma reflexão

Desde o início da pandemia da COVID-19, uma atenção especial foi dada aos grupos de risco, tais como o grupo das pessoas idosas e dos indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como a hipertensão, a obesidade, o diabetes, as doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas e o câncer.

Isso significa que, caso forem diagnosticadas com COVID-19, o estado de saúde dessas pessoas pode se agravar, principalmente devido ao enfraquecimento dos mecanismos de defesas do seu organismo contra os coronavírus.

Observou-se neste sentido uma grande ênfase das autoridades em saúde, em relação ao distanciamento social destas pessoas, com uma medida fundamental de prevenção de contágio, como uma abordagem clássica no enfrentamento desta pandemia.

COVID-19, idosos e desigualdades sociais: uma reflexão

Durante o acompanhamento da evolução da pandemia alguns pesquisadores refletiram sobre uma nova perspectiva científica que nos remete à necessidade de uma atualização dessa abordagem e, consequentemente, da realidade de vida de muitos idosos brasileiros.

Por um lado, estudos têm constatado que quando pessoas com DCNTs são infectadas pelo novo coronavírus, é comum elas serem acometidas por infecções mais graves provocadas pela COVID-19.

Por outro lado, pesquisadores têm observado que, apesar da intensificação do combate global às DCNTs, o número de pessoas vivendo com estes tipos de doenças continua aumentando e principalmente neste contexto chamado pandêmico.

Sindemia

De acordo com o Prof. Richard Horton, em um comentário publicado na conceituada revista científica britânica The Lancet, a relação entre a COVID-19 e as DCNTs, em um contexto social e ambiental caracterizado por uma profunda desigualdade social, acentua o impacto que essas enfermidades causariam separadamente.

Este é o argumento que embasa a necessidade de mudança da abordagem à COVID-19, que, segundo Horton, ao invés de pandemia, deve ser considerada como uma sindemia.

Este termo foi concebido pelo antropólogo médico americano Merrill Singer, e se origina da junção entre sinergia (ou seja, uma ação combinada, uma cooperação) e a epidemia da doença em andamento.

Uma sindemia é caracterizada pela interação entre duas ou mais doenças de tal forma que os danos causados são maiores do que aqueles resultantes de cada doença atuando separadamente, em função da interação do aspecto biológico com as limitações causadas pelo contexto social.

Ou seja, uma epidemia adquire características de uma sindemia ao se somar a doenças pré-existentes dos indivíduos em um contexto social e ambiental permeado por determinantes sociais como a pobreza, a baixa escolaridade e a alta densidade demográfica, podendo gerar uma séria crise de saúde para a população acometida pela doença epidêmica.

Essa abordagem gera a necessidade de enfrentamento da questão da desigualdade social, uma vez que grupos de pessoas em vulnerabilidade social, como é o caso de muitas pessoas idosas, carecem de uma atenção ainda maior.

Em um estudo realizado por Lima-Costa et al. (2003) observou-se a existência de associações independentes entre menor renda domiciliar per capita entre idosos e pior condição de saúde, pior função física e menor uso de serviços de saúde.

Considerando o fato de residir em áreas mais afastadas como causa para o menor uso de serviços de saúde e serviços sociais, uma forma de aumentar este acesso é por meio da telessaúde e teleatendimento, um sistema implementado pelo Ministério da Saúde, que oferece consultas virtuais, ou seja, pelo computador com acesso à internet, facilitando o acompanhamento e, auxiliando na melhorar da prevenção em relação ao risco de infecção pelo novo coronavírus.

Redução das desigualdades sociais

 Por fim no que se refere às estratégias para se combater as desigualdades sociais, está a adoção de políticas públicas de ações relacionadas à Década do Envelhecimento Saudável 2020– 2030, um plano proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Dentre os objetivos citados como forma de se buscar o desenvolvimento sustentável está a redução das desigualdades sociais entre as pessoas das diferentes faixas etárias.

De acordo com o documento, para que a pessoa idosa tenha maior acesso a serviços de saúde e de assistência social faz-se necessária a implementação de planos de ação e suporte que atendam os diferentes setores de atendimento à pessoa idosa.

Fica por fim, a mensagem a todos, de que estamos enfrentando um ano adverso, principalmente para os indivíduos dos grupos de risco, como idosos, portadores de doenças crônicas e muitas comemorações terão que ser realizadas de modo diferente.

E  o que mais importa é poder viver para comemorar muitos eventos natalinos e festivos, com as pessoas que amamos. É um período de cuidados e cautela.

Assinam este artigo:

Graciela Akina Ishibashi- graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Estagiário do projeto de validação do método SUPERA. Estudante de iniciação científica na área de treino cognitivo.

Mauricio Einstoss de Castro Barbosa – Graduado em Gerontologia pela Universidade de São Paulo, com participação no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade) e atuação como estagiário de Gerontologia na Coordenação de Políticas Para a Pessoa Idosa – Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania – Prefeitura de São Paulo.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista e Assessora científica de pesquisa do SUPERA Ltda.

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