As Funções Executivas, o convívio social e a autonomia

Na década de 1980, acreditava-se que as funções executivas fossem um sistema com a função de ser uma habilidade mental supervisora, baseada em dois processos complementares, em que um sistema atuaria na seleção e o outro no controle de ações a serem executadas.

Um mecanismo de contenção seria responsável pelo controle automático em atividades rotineiras e outro sistema atencional supervisor seria responsável pelo controle consciente em situações caracterizadas como novas atividades.

A principal característica das funções executivas é ser um grupo de habilidades com a função de organização temporal do comportamento dirigido a objetivos específicos na rotina.

Esta organização é alcançada pela coordenação conjunta e hierárquica de três habilidades mentais, que são:

  • a memória de trabalho,
  • a atenção motora (preparação para a ação),
  • e o chamado controle inibitório, características estas que colocam as funções executivas como um dos aspectos mais complexos da cognição humana.

FUNÇÃO EXECUTIVA E A CAPACIDADE DE DECIDIR

De forma mais específica, o funcionamento executivo é responsável pela capacidade de executarmos o planejamento e o desenvolvimento de estratégias para atingirmos metas, o que requer flexibilidade de comportamento; além de estarem relacionadas ao raciocínio abstrato, às características de personalidade, e à teoria da mente, sendo estas duas últimas características pertencentes a um componente do nosso cérebro que é chamada de cognição social.

As funções executivas são de extrema importância para o controle das habilidades mentais, funcionando como um maestro que ordena quando outras funções iniciarão ou cessarão as suas atividades. Do ponto de vista anatômico, estão situadas na região do cérebro do córtex pré-frontal, ou lobos frontais, ou seja, na parte frontal da estrutura do cérebro.

O desempenho das habilidades de Funções Executivas está relacionado à capacidade do indivíduo que envelhece em tomar decisões apropriadas em seu cotidiano, exibir um julgamento adequado em determinadas situações e em manter uma vida independente e com autonomia mantida.

Prejuízos em subcomponentes das Funções Executivas, como no planejamento, tomada de decisão, organização e flexibilidade, afetam diretamente adultos ao longo do envelhecimento, podendo ocasionar dificuldades na realização de atividades de vida diária e no manejo de suas finanças.

Estudos destacam que a disfunção executiva, ou seja, os prejuízos no funcionamento executivo, podem sofrer impactos de quadros de depressão, dos sintomas depressivos e de outras doenças mentais na população idosa. Estas afirmações se basearam na realização de estudos sobre o sistema executivo e foram desenhadas a partir de observações de pacientes que sofreram danos ao lobo frontal.

Os pacientes exibiam ações e estratégias desorganizadas para as tarefas diárias de sua rotina, embora parecessem executar normalmente tarefas relacionadas com outras habilidades mentais, como a memória, a aprendizagem, a linguagem e o raciocínio.  

TRAUMA PRÉ – FRONTAL

O caso mais clássico das neurociências que nos fez estudar este conjunto de habilidades cognitivas responsáveis pela tomada de decisões, conduta e regras sociais e para a autonomia das nossas ações cotidianas, foi de um operário norte americano chamado Phineas Gage.

Quando em 1848, aos seus 25 anos, teve seu cérebro pré-frontal transpassado por uma barra de metal. Não perdeu nem os sentidos nem as funções cerebrais de fala, memória e locomoção.

Após a retirada do objeto, recuperou-se fisicamente por completo, mas comportava-se de forma contraditória ao seu comportamento anterior.

Passou a apresentar um conjunto de características que, hoje, chamaríamos de antissociais (desconsideração pelas convenções sociais – como senso de reciprocidade – e princípios éticos), além de uma incapacidade para planejar ações em prol de sua sobrevivência.

No decorrer dos anos, muitos pesquisadores contribuíram para a melhor compreensão do funcionamento executivo e das particularidades que nos diferenciam dos demais animais na Terra, em que conseguiu-se afirmar, que o cérebro humano apresenta dentre alguns dos seus diferenciais um sistema engenhoso que coordenasse as demais habilidades mentais.

Importante refletirmos que assim como podemos treinar a memória e a atenção por exemplo, também podemos treinas as funções executivas, visando gerar ganhos para este grupo de habilidades mentais e a manutenção da autonomia e da independência no decorrer dos anos de vida.

COMO EXERCITAR AS FUNÇÕES EXECUTIVAS?

A seguir indicamos algumas atividades aos quais você pode realizar para exercitar as funções executivas, visando assim otimizar o desempenho deste grupo de habilidades e promover uma longevidade com autonomia e independência por mais tempo:

  • Exercício de ordenação de palavras, em que deve-se descobrir as palavras que se pode formar, trabalhando com as letras embaralhadas;
  • Exercício de ordenação de palavras de frases desordenadas, para formar uma frase com sentindo;
  • Treino de tarefas de fluência verbal como o jogo do STOP, trabalhando fluência verbal com restrição categórica e fonológica. Em que o participar tem que pensar em itens como frutas, flores, animais, nomes próprios com uma determinada letra;
  • Exercícios de interpretação de ditados populares, visando estimular a habilidade de abstração, ou seja, a habilidade de interpretação de metáforas;
  • Interpretação de emoções de faces de pessoas, visando treinar a habilidade de cognição social;
  • Jogos de estratégias como xadrez; Jogo da Velha e jogos virtuais, como os disponíveis na Plataforma do SUPERA online.

Agora que você já sabe o que são as funções executivas e como funcionam, exercite as suas habilidades e mantenha no decorrer dos anos, o bom funcionamento cognitivo, para a promoção da longevidade.

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Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista e Assessora científica de pesquisa do SUPERA Instituto de Educação Ltda.