Por que idosos lembram mais do passado?

Idosos lembram mais do passado do que do presente. Você certamente já percebeu que pessoas com idade mais avançada por vezes estão mais conectadas as lembranças e histórias de décadas passadas do que ao presente. Provavelmente em uma conversa com seu avô, avó ou alguma outra pessoa idosa, as histórias do passado são bem detalhadas e contínuas, não é mesmo?

Mas, quando a conversa é sobre assuntos recentes, por vezes, alguns não se lembram do que comeu na última refeição.

Nesse contexto, entre as pessoas idosas, as queixas mais relatadas estão ligadas à dificuldade de armazenar informações recentes, conseguir resgatá-las e manter-se atento às atividades do cotidiano (Gomes et al., 2020).

Idosos lembram mais do passado… porque isso acontece?           

Paralelo a isso, de acordo com Halbwachs (2008), “um determinado desinteresse sobre a vida presente, levará a pensar que a pessoa idosa, ao mesmo tempo em que se desvia do aspecto prático dos objetos e seres, sente liberado das dificuldades impostas pela profissão, pela família, e de uma maneira geral pela existência ativa na sociedade, tornando-se capaz de retornar ao seu passado e de revivê-lo na imaginação”.

Logo, um dos papéis sociais atribuídos à pessoa idosa é o de ser a memória coletiva de seu grupo social, na arte de contar histórias e de transmitir seu legado cultural. As lembranças, na maior parte das vezes, são despertadas quando provocadas por outro, em situações nas quais o sujeito é chamado a contar um caso, ou a história da família ou mesmo para ajudar a relembrar e confirmar fatos passados.

Por meio de suas recordações e história de vida, a pessoa idosa é um construtor social e, através do seu legado, podemos ter acesso a um mundo social que possui uma riqueza e uma diversidade que não conhecemos e que nos é revelado através de suas lembranças narradas no presente (Correia & França, 2006; Valença & Dos Reis, 2015).

            Concomitante a isso, na ação de transmitir a sua história, legado e conhecimento, a sua principal ferramenta é a história de vida oral. Visto que, de  acordo  com  o  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  –  IBGE  (2016),  apenas 29,9%  da população de idosos brasileiros em 2015, acima dos 65 anos de idade, não teve acesso à alfabetização.

Este dado apresenta um vislumbre de um dos motivos pelos quais a tradição oral é tão importante para os idosos transferirem suas histórias para outras pessoas (Callefi & Ichikawa, 2019).

Desse modo, conclui-se que idosos lembram mais do passado. Neste contexto, é importante estar atento ao desempenho de todas as suas habilidades cognitivas, pautando-se na prevenção de demências e estímulo de sua autonomia e independência no seu cotidiano, por meio da realização de atividades intelectuais, hábitos e estilo de vida saudáveis, estimulação cognitiva, física e social.

Assinam este artigo

Graciela Akina Ishibashi

Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Realizou estágio no Centro Dia Bom Me Care entre os anos de 2019 a 2020. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de estimulação cognitiva com jogos. Já foi voluntária na Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de origami, dança sênior e letramento digital.

Tiago Nascimento Ordonez

Gerontólogo e mestrando em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Especialista em Estatística Aplicada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) de São Paulo. Pós-graduando do MBA em Data Science e Analytics na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Atualmente atua como gerontólogo e coordenador de banco de dados do estudo “A eficácia de um programa de estimulação cognitiva com componentes multifatoriais na cognição e em variáveis psicossociais de idosos sem demência e sem depressão: um ensaio clínico randomizado e controlado”, fruto da parceria entre EACH-USP, Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e o Supera Instituto de Educação.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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