Em casos graves ou mesmo leves da doença, são inúmeros relatos de pacientes que relatam perda cognitiva depois de contrair COVID-19. Entenda como a estimulação do cérebro ajuda no processo de recuperação da doença.
Com mais de um ano de pandemia os cientistas já tem uma certeza: o vírus afeta o cérebro. A constatação vem sobretudo da observação médica e de pesquisas preliminares feitas em várias partes do mundo.
Neste sentido, seja para pacientes graves ou mesmo pacientes acometidos pela doença de forma leve, a estimulação cognitiva pode contribuir de forma significativa no processo de recuperação.
Como o vírus chega do cérebro?
O processo para que o vírus alcance o órgão que comanda o corpo humano atingindo os seus neurônios não é exatamente algo simples, segundo os médicos.
Isso pode acontecer de duas formas: por uma infecção sistêmica, que afeta o corpo com um todo e, consequentemente, o cérebro, ou o vírus estaria lesionando diretamente o cérebro, segundo estudo realizado pela Unicamp que comprovou ação do vírus no cérebro.
“Nossos resultados indicam que a SARS-Cov-2 pode de fato entrar nas células cerebrais e afetar seu funcionamento”, disse Daniel Martins de Souza, professor do Instituto de Biologia da Unicamp, que coordenou o estudo. A mesma pesquisa identificou alteração de memória em 30% dos casos.
A estimulação cognitiva
Ao longo dos anos a estimulação cognitiva tem apresentado excelentes resultados seja na ajuda direta a crianças em idade escolar, jovens que querem melhorar seu desempenho na fase do vestibular ou mesmo adultos que buscam uma melhor colocação profissional.
Mais recentemente a estimulação cognitiva tem contribuído de forma positiva também para pessoas acometidos pelo COVID-19. Segundo o médico neurointensivista Marco Paulo Nanci essa estimulação é fundamental após uma doença grave, como o COVID-19.
“Essa estimulação é extremamente importante, é de fundamental importância para que a gente consiga ter uma progressão da recuperação do paciente, quer seja, do paciente que vá se recuperar, de uma infecção pelo vírus e vá procurar ajuda para que o cérebro seja estimulado e aí o que vai acontecer, este estímulo cerebral, este exercício cerebral, vai fazer com que a conexão entre os neurônios se restabeleça, ou seja: vai estimular o cérebro a formar novas sinapses no lugar daquelas que foram destruídas pelo vírus”, explicou o médico.
A estimulação cognitiva envolvendo um roteiro com novidade, variedade e grau de desafio crescente também atua diretamente na prevenção do cérebro a doenças como o COVID-19.
“Já a prevenção primária, é quando o paciente estimula este cérebro para ter um número muito maior de conexões entre os neurônios, de vias de conexões entre os neurônios e quando houver uma infecção e uma destruição de uma dessas vias o cérebro está preparado para mudar o caminho por outras vias já funcionais e ter um menor impacto da lesão do vírus no cérebro”, detalhou o neurologista.
Como a ginástica para o cérebro auxilia o cérebro atingido pelo COVID-19:
Os benefícios da estimulação cognitiva são inúmeros, mas, especialmente para pessoas que tiveram a chamada ‘COVID longa’ ou ‘pós COVID’, roteiros envolvendo novidade, variedade e grau de desafio crescente são comprovadamente efetivos. Confira três motivos para estimular seu cérebro no pós COVID-19:
- Novidade, variedade e grau de desafio crescente
No pós COVID são muitas as queixas de pessoas que sentem o cérebro mais lento, as vezes por semanas.
Um roteiro criativo e em constante mudança, além de ajudar na recuperação do COVID-19 contribui como um todo para o desenvolvimento pessoal dos acometidos pela doença;
- Sociabilidade
Além de benefícios fisiológicos, a prática de ginástica para o cérebro contribui para a sociabilidade em diferentes faixas etárias.
Depois de um ano de isolamento o contato com outras pessoas fora do círculo familiar e até mesmo com estudantes mais jovens, possibilita a conectividade com a contemporaneidade e a manutenção dos papéis sociais, tais como o exercício da cidadania e autonomia.
- Mente ativa
O exercício da leitura e, consequentemente, do aprendizado constante envolvendo desafios, memorização de novos conteúdos, prática da escrita e a concentração durante as aulas faz com que o cérebro seja estimulado e melhore suas funções muito rapidamente.
A ginástica cerebral tem benefício sobretudo para idosos acometidos pelo COVID-19, possibilitando uma mente mais saudável e o retardo de doenças degenerativas, como o Alzheimer.
Demanda COVID-19
Em todo o Brasil as unidades do SUPERA estão recebendo novos alunos trazidos pela pandemia de COVID-19, com relatos do chamado ‘pós COVID’, ou ‘COVID longa’, sequelas da doença que vão desde percepções mais leves, como perda de olfato e paladar nas semanas que sucedem a doença a até relatos de defasagem cognitiva, como alterações na concentração, atenção e sobretudo na memória.
“O vírus tem esse potencial de levar a alteração direta ou indireta do cérebro. Pode levar a uma diminuição do processamento neuronal, quer seja pela diminuição da oxigenação dos neurônios, ou até mesmo por lesão direta dos neurônios, essa lesão vai acabar diminuindo as conexões entre os neurônios e vai diminuir as sinapses, que são as conexões entre os neurônios e com isso o processamento cerebral fica alterado e lentificado. Essa lentidão do processamento cerebral leva a diminuição do processamento de memória e leva a alterações cognitivas”, alertou o médico neurologista.
Publicado em: 16/05/2022 Por Assessoria de Imprensa SUPERA